domingo, 29 de julho de 2012

só pro 1ºA

E aqui estão os textos para vocês começarem a ler: o primeiro é de "A morte e a morte de Quincas Berro D'Água."


Antes de apresentá-lo seria interessante ler o seguinte texto de Ivana Varjassyová, pesquisadora  de Língua Portuguesa:
     No período medieval não havia uma fronteira estreita entre o mundo humano e o de animais A matéria do santo graal mudou muito durante o tempo. Transforma-se do   mito pagão ao romance cristão,  da cerimônia natural ao ritual de missa. Um símbolo deste tipo de romance que encontramos em Menina e Moça  é  o barco. O ato de nadar na água é um momento de iniciação. A água tem uma certa ligação à iniciação, à morte e ao purgatório no romance de iniciação. Todo o simbolismo do barco tem a sua origem no costume celta do enterro no mar. Isso podemos observar na história de Avalor e Arima, quando Avalor está surpreendido pelo fato que não está morto depois de ser levado ao mar. O papel da água não é só purificação, morte e iniciação, ela também cria a fronteira nas histórias do romance.   


Ivana Varjassyová  (http://theses.cz/id/c8ia5a/Varjassyov-A_inspirao_do_romance_de_cavalaria_e_da_novela.pdf)


    Agora os textos originais:     
                A MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO D'ÁGUA
Para acessá-lo busquem o link  http://veja.abril.com.br/150801/quincas11.html   especialmente  http://veja.abril.com.br/150801/quincas9.html os capítulos 9, 10 e 11     


Agora uma batalha entre exércitos(?)
TOCAIA GRANDE
Busquem o capítlo 2 "O LUGAR"


Link: Tocaia Grande http://pt.scribd.com/doc/23476915/jorge-amado-tocaia-grande
                
                                                                               1

      As comemorações dos setenta anos da fundação de Irisópolis e dos cinquenta de sua elevação a cidade, cabeça de co- marca e sede de município, alcançaram certa repercussão na imprensa do sul do país. Se para tanto o dinâmico Prefeito des pendeu verba elevada, não incorre em crítica: tudo quanto se faça para divulgar as excelências de Irisópolis, o passado de epopeia, o presente de esplendor, merece aplauso e elogio.  Além das matérias pagas, os jornais do Rio e de São Paulo divulgaram algum noticiário sobre os eventos principais que abrilhantaram os festejos, com destaque para as cerimônias, ambas solenes, da inauguração dos bustos do coronel Prudêncio de Aguiar e do doutor Inácio Pereira, erguidos um em cada praça, a da Prefeitura e a da Matriz. A partir do revertério da situação política, com o fim do domínio da laia que assumira o mando após a morte dos Andrade, o pai e o filho, o fazendeiro mandou e desmandou na In- tendência durante lustros, Intendente ele próprio ou preposto de sua escolha, parente ou compadre. Provas da capacidade administrativa do Coronel e de sua dedicação no exercício do poder ainda hoje são vistas e admiradas no perímetro urbano, inclusive a rua calçada com paralelepípedos ingleses — importados da Inglaterra, sim senhores! —, orgulho da população irisopolense, enquanto as acusações de desvio dos dinheiros públicos desvaneceram-se no passar do tempo. Quanto ao esculápio, na qualidade de cunhado e conselheiro, de cidadão de aptidões singulares, exerceu os cargos mais e- levados, assumiu as incumbências mais responsáveis, tendo presidido a comissão formada com o meritório objetivo de angariar fundos destinados à construção da Matriz, magnífico templo católico, outro orgulho da coletividade: símbolo da fé e do idealismo daqueles valentes que, empolgados com o denodo dos dois beneméritos pioneiros, colaboraram na colocação da primeira pedra da localidade. Administrador competente, o doutor encontrou maneira de erguer ao mesmo tempo a igreja e o elegante bangalô onde ainda hoje vivem descendentes seus; nem sequer, no auge das paixões políticas, se conseguiu provar qualquer dos múltiplos aleives assacados contra sua honestidade. Acusações fáceis, provas difíceis.
   Foram escritos artigos laudatórios, recordando, com a ênfase e a retórica necessárias, os feitos do Coronel e do Doutor, páginas de civismo, lições da História, exemplos para as gerações vindouras. Tudo como manda o figurino, para gáudio dos notáveis, da intelectualidade, da juventude — esperança da Pátria —, enfim de todos os que são capazes de reconhecer e aplaudir o heroísmo e o devotamento dos ínclitos antepassados à causa pública. 
   Assim, o Brasil inteiro, do Oiapoque ao Chuí, pôde contemplar, ao clarão do foguetório comemorativo, a refulgente face de Irisópolis, comunidade nascida do arco-íris em longínquo dia de bonança, de paz e fraternidade entre os homens conforme proclamou em poema de versos brancos o vate principal da região, cujo nome certamente já ouvistes pronunciar entre louvores. 
   Em seus textos comemorativos, literatos, políticos e jornalistas omitiram quase sempre o nome primitivo do burgo; razões óbvias relegaram-no ao esquecimento. Antes de ser Irisópolis, foi Tocaia Grande.






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