domingo, 17 de fevereiro de 2013

MUDANÇAS


Já dizia o grande poeta português Luis de Camões que...


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.


Se tudo muda, que dirá a língua, essa entidade viva que recebe influências de todos os lados (grupos de falantes, filólogos, outras línguas).  

E antes que vocês perguntem (e cobrem) 

COM VOCÊS   
AS NOVAS REGRAS ORTOGRÁFICAS 
DA Língua Portuguesa) !


GUIA PRÁTICO DA NOVA ORTOGRAFIA
Mudanças no alfabeto (adaptado de www.velhosamigos.com.br/ortografia.html)

O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y.
O alfabeto completo passa a ser: 
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V WX Y Z
As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações.
Por exemplo:
a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt);
b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.
Trema
Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.

Ex.: aguentar, arguir, bilíngue, cinquenta, delinquente, eloquente, ensanguentado, equestre, frequente, lingueta, linguiça, quinquênio, sagui, sequência, sequestro, tranquilo.

Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas. Exemplos: Müller, mülleriano.

Regras de acentuação
1. Não se usa  acento dos ditongos abertos ei e oi das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).

Ex.:  alcaloide, alcateia, androide apoia, apoio (verbo apoiar), asteroide, boia, celuloide, claraboia, colmeia, Coreia, debiloide, epopeia, estoico, estreia, estreio(verbo estrear), geleia, heroico, ideia, jiboia joia, odisseia, paranoia, paranoico, plateia tramoia.

Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis.
Exemplos: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.

2. Nas palavras paroxítonas, não se usa acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
Como fica: baiuca, bocaiuva, cauila, feiura.

Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento é necessário .
Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.

3. Palavras terminadas em eem e oo(s).

Ex.: abençoo creem (verbo crer), deem (verbo dar), doo (verbo doar), enjoo, leem (verbo ler), magoo (verbo magoar), perdoo (verbo perdoar), povoo (verbo povoar), veem (verbo ver), voos, zoo.


4. Não se usa  acento para diferenciar os pares homófonos 
para (v. parar)/para (preposição)pela(s)(v. pelar)/ pela(s) (preposição por+a)pelo(s) (cabelo)/pelo(s) (por + o)polo(s) (sul e norte)/polo(s) (esporte, modelo de camisa) pera(fruta)/pera (per + a , fora de moda, arcaico).
Ex.: Ele para o carro. Ele foi ao polo Norte. Ele gosta de jogar polo. Esse gato tem pelos brancos. Comi uma pera.

Atenção: Permanece o acento diferencial em pôde/pode
Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular. 
Pode é a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do singular.
Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.

Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição.
Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
Ex.:  Singular:
Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros. Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba. Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra. Ele convém aos estudantes. 

Plural:
Eles convêm aos estudantes. Ele detém o poder. / Eles detêm o poder. Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.

É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/ fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. 
Ex.: Qual é a forma da fôrma do bolo?

5. Não se usa  acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir eredarguir.

6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guarquar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir, etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.

 a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.
Ex.:
verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem. 

verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.

b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.
Ex.: (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras): verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem. verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.
Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

Uso do hífen
Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em muitos aspectos.


1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h.
Ex.: anti-higiênico, anti-histórico, co-herdeiro, macro-história, mini-hotel, proto-história, sobre-humano, super-homem, ultra-humano.
Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h).

2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.

Ex.: aeroespacial, agroindustrial, anteontem, antiaéreo, antieducativo, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, coautor, coedição, extraescolar, infraestrutura, plurianual, semiaberto, semianalfabeto, semiesférico, semiopaco.

Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.


3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s.
Ex.: anteprojeto, antipedagógico, autopeça, autoproteção, coprodução, geopolítica, microcomputador, pseudoprofessor, semicírculo, semideus, seminovo, ultramoderno.
Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen.
Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc.

4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras.
Ex.: antirrábico, antirracismo, antirreligioso, antirrugas, antissocial, biorritmo, contrarregra, contrassenso, cosseno, infrassom, microssistema, minissaia, multissecular, neorrealismo, neossimbolista, semirreta, ultrarresistente, Ultrassom.

5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal.
Exemplos: anti-ibérico, anti-imperialista, anti-inflacionário, anti-inflamatório, auto-observação, contra-almirante, contra-atacar, contra-ataque micro-ondas micro-ônibus semi-internato, semi-interno.

6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante.
Ex.: hiper-requintado, inter-racial, inter-regional, sub-bibliotecário, super-racista, super-reacionário, super-resistente, super-romântico.

Atenção: Nos demais casos não se usa o hífen.
Ex.:hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.

Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc.
Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por mn e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.

7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal.

Ex.: hiperacidez, hiperativo, interescolar, interestadual, interestelar, interestudantil, superamigo, superaquecimento, supereconômico, superexigente, superinteressante, superotimismo.

8. Com os prefixos exsemalémaquémrecémpósprépró, usa-se sempre o hífen.
Ex.: além-mar, além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, ex-diretor, ex-hospedeiro, ex-prefeito, ex-presidente, pós-graduação, pré-história, pré-vestibular, pró-europeu, pró-reitorrecém-casado, recém-nascido, sem-teto.

9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim.
Ex.: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.

10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.
Ex.: ponte Rio-Niterói, rodovia Mogi-Bertioga, .

11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição.
Ex.: girassol, madressilva, mandachuva, paraquedas, paraquedista, pontapé.

12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.
Ex.: Na cidade, conta-
       -se que ele foi viajar. 

O diretor recebeu os ex-
-alunos no auditório.