quarta-feira, 7 de setembro de 2011

COERÊNCIA (3)

O exemplo apresentado na postagem anterior mostra a coerência de  e em um texto.  
Mas muitas vezes a coerência se vale de outros elementos que podem estar além daquilo que é dito no texto.


Vejamos 2 exemplos. 
 No primeiro, para que se entenda, isto é, para que se reconheça  a coerência é preciso entender o contexto.  Quem conhece a lógica feminina perceberá a coerência da crônica.
Chama-se   "Vaguidão específica" e é do (grande) Millôr Fernandes. 

"As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica." -Richard Gehman-

- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.
- Junto com as outras?
- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.
- Sim senhora. Olha, o homem está aí.
- Aquele de quando choveu?
- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
- Que é que você disse a ele?
- Eu disse pra ele continuar.
- Ele já começou?
- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
- É bom?
- Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
- Você trouxe tudo pra cima?
- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até a véspera.
- Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite. [...]

(Vocês devem ter percebido que não copiei a crônica inteira, mas acho que nem precisava, já que para nosso objetivo o trecho já é suficiente).


Quem conhece ou já ouviu conversa de mulher deve ter rido (e ter ficado curioso com o final da história,não?). 
Mas também deve ter percebido que para os personagens a conversa fazia sentido.  
Quem riu, deve ter rido porque reconheceu a coerência interna do texto,deve ter feito alguma inferência, pode ter imaginado alguma situação para que o diálogo fizesse sentido [também]
para si, como leitor.


Mas vamos ao próximo exemplo: 


Aqui a  coerência apoia-se na imagem. E este é nosso 2º exemplo:







e nem precisa explicar, não é?




BJS

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