terça-feira, 26 de outubro de 2010

1º B e C MARÍLIA DE DIRCEU _ TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA

    Lira V 
    Acaso são estes  /  Os sítios formosos. / Aonde passava / Os anos gostosos?  São estes os prados, /Aonde brincava, / Enquanto passava/ O gordo rebanho, /Que Alceu me deixou?
    São estes os sítios?/  São estes; mas eu/  O mesmo não sou./  Marília, tu chamas?/  Espera, que eu vou.
    Daquele penhasco/ Um rio caía;/ Ao som do sussurro/ Que vezes dormia!/ Agora não cobrem /Espumas nevadas/ As pedras quebradas; /Parece que o rio/ Ao curso voltou.
    São estes os sítios?/  São estes; mas eu/  O mesmo não sou./  Marília, tu chamas?/  Espera, que eu vou.
    Meus versos alegre/ Aqui repetia: /O eco as palavras/ Três vezes dizia, /Se chamo por ele,/ Já não me responde; /Parece se esconde, /Cansado de dar-me/ Os ais, que lhe dou
    São estes os sítios?/  São estes; mas eu/  O mesmo não sou./  Marília, tu chamas?/  Espera, que eu vou.
    Aqui um regato/ Corria sereno/ Por margens cobertas/ De flores, e feno: /À esquerda se erguia/ Um bosque fechado, /E o tempo apressado,/ Que nada respeita, /Já tudo mudou.
    São estes os sítios?/  São estes; mas eu/  O mesmo não sou./  Marília, tu chamas?/  Espera, que eu vou.
    Mas como discorro? /Acaso podia/ Já tudo mudar-se/ No espaço de um dia?/ Existem as fontes,/ E os freixos copados; / Dão flores os prados, /E corre a cascata,/ Que nunca secou.
    São estes os sítios?/  São estes; mas eu/  O mesmo não sou./  Marília, tu chamas?/  Espera, que eu vou.
    Minha alma, que tinha/ Liberta a vontade,/ Agora já sente Amor, e saudade,/ Os sítios formosos me agradaram,/ Ah! Não se mudaram; /Mudaram-se os olhos, /De triste que estou.
    São estes os sítios?/  São estes; mas eu/  O mesmo não sou./  Marília, tu chamas?/  Espera, que eu vou.

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