Mas muitas vezes a coerência se vale de outros elementos que podem estar além daquilo que é dito no texto.
Vejamos 2 exemplos.
No primeiro, para que se entenda, isto é, para que se reconheça a coerência é preciso entender o contexto. Quem conhece a lógica feminina perceberá a coerência da crônica.
Chama-se "Vaguidão específica" e é do (grande) Millôr Fernandes.
"As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica." -Richard Gehman-
- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.
- Junto com as outras?
- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.
- Sim senhora. Olha, o homem está aí.
- Aquele de quando choveu?
- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
- Que é que você disse a ele?
- Eu disse pra ele continuar.
- Ele já começou?
- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
- É bom?
- Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
- Você trouxe tudo pra cima?
- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até a véspera.
- Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite. [...]
- Junto com as outras?
- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.
- Sim senhora. Olha, o homem está aí.
- Aquele de quando choveu?
- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
- Que é que você disse a ele?
- Eu disse pra ele continuar.
- Ele já começou?
- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
- É bom?
- Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
- Você trouxe tudo pra cima?
- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até a véspera.
- Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite. [...]
Quem conhece ou já ouviu conversa de mulher deve ter rido (e ter ficado curioso com o final da história,não?).
Mas também deve ter percebido que para os personagens a conversa fazia sentido.
Quem riu, deve ter rido porque reconheceu a coerência interna do texto,deve ter feito alguma inferência, pode ter imaginado alguma situação para que o diálogo fizesse sentido [também]
para si, como leitor.
Mas vamos ao próximo exemplo:
Aqui a coerência apoia-se na imagem. E este é nosso 2º exemplo:
e nem precisa explicar, não é?
BJS
Nenhum comentário:
Postar um comentário