terça-feira, 26 de outubro de 2010

CARTAS CHILENAS_ TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA

DEDICATÓRIA E FRAGMENTOS DA  Carta 

DEDICATÓRIA AOS GRANDES DE PORTUGAL
Ilmos. e exmos. senhores,
Apenas concebi a idéia de traduzir na nossa língua e de dar ao prelo as Cartas Chilenas, logo assentei comigo que Vv. Exas. haviam-de ser os Mecenas a quem as dedicasse. São Vv. Exas. aqueles de quem os nossos soberanos costumam fiar os governos das nossas conquistas: são por isso aqueles a quem se devem consagrar todos os escritos, que os podem conduzir ao fim de um acertado governo.
Dois são os meios porque nos instruímos: um, quando vemos ações gloriosas, que nos despertam o desejo da imitação; outro, quando vemos ações indignas, que nos excitam o seu aborrecimento. Ambos estes meios são eficazes: esta a razão porque os teatros, instituídos para a instrução dos cidadãos, umas vezes nos representam a um herói cheio de virtudes, e outras vezes nos representam a um monstro, coberto de horrorosos vícios.
Entendo que Vv. Exas. se desejarão instruir por um e outro modo. Para se instruírem pelo primeiro, têm Vv. Exas. Os louváveis exemplos de seus ilustres progenitores. Para se instruírem pelo segundo, era necessário que eu fosse descobrir o Fanfarrão Minésio, em um reino estranho! Feliz reino e felices grandes que não têm em si um modelo destes!
Peço a Vv. Exas. que recebam e protejam estas cartas. Quando não mereçam a sua proteção pela eloqüência com que estão escritas, sempre a merecem pela sã doutrina que respiram e pelo louvável fim com que talvez as escreveu o seu autor Critilo.
Beija as mãos
De Vv. Exas.
O seu menor criado...
      Em que se descreve a entrada que fezFanfarrão em Chile.
     Amigo Doroteu, prezado amigo, 
    Abre os olhos, boceja, estende os braços 
    E limpa, das pestanas carregadas,
     O pegajoso humor, que o sono ajunta.
5 -- Critilo, o teu Critilo é quem te chama;
    Ergue a cabeça da engomada fronha
    Acorda, se ouvir queres coisas raras.
     "Que coisas, ( tu dirás ), que coisas podes 
    Contar que valham tanto, quanto vale
10 -- Dormir a noite fria em mole cama,
    Quando salta a saraiva nos telhados
    E quando o sudoeste e outros ventos
     Movem dos troncos os frondosos ramos?" 
    É doce esse descanso, não te nego.
15 -- Também, prezado amigo, também gosto
    De estar amadornado, mal ouvindo
    Das águas despenhadas brando estrondo, 
    E vendo, ao mesmo tempo, as vãs quimeras,
     Que então me pintam os ligeiros sonhos.

JUNTO A UMA CLARA FONTE _TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA

Junto a uma clara fonte
A mãe de Amor s'assentou,
Encostou na mão o rosto,
No leve sono pegou.

Cupido, que a viu de longe,
Contente ao lugar correu;
Cuidando que era Marília
Na face um beijo lhe deu.


Acorda Vênus irada:
Amor a conhece; e então
Da ousadia, que teve,
Assim lhe pede o perdão:



"Foi fácil, ó Mãe formosa,
"Foi fácil o engano meu;
"Que o semblante de Marília
"É todo o semblante teu."

     

1º B e C MARÍLIA DE DIRCEU _ TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA

    Lira V 
    Acaso são estes  /  Os sítios formosos. / Aonde passava / Os anos gostosos?  São estes os prados, /Aonde brincava, / Enquanto passava/ O gordo rebanho, /Que Alceu me deixou?
    São estes os sítios?/  São estes; mas eu/  O mesmo não sou./  Marília, tu chamas?/  Espera, que eu vou.
    Daquele penhasco/ Um rio caía;/ Ao som do sussurro/ Que vezes dormia!/ Agora não cobrem /Espumas nevadas/ As pedras quebradas; /Parece que o rio/ Ao curso voltou.
    São estes os sítios?/  São estes; mas eu/  O mesmo não sou./  Marília, tu chamas?/  Espera, que eu vou.
    Meus versos alegre/ Aqui repetia: /O eco as palavras/ Três vezes dizia, /Se chamo por ele,/ Já não me responde; /Parece se esconde, /Cansado de dar-me/ Os ais, que lhe dou
    São estes os sítios?/  São estes; mas eu/  O mesmo não sou./  Marília, tu chamas?/  Espera, que eu vou.
    Aqui um regato/ Corria sereno/ Por margens cobertas/ De flores, e feno: /À esquerda se erguia/ Um bosque fechado, /E o tempo apressado,/ Que nada respeita, /Já tudo mudou.
    São estes os sítios?/  São estes; mas eu/  O mesmo não sou./  Marília, tu chamas?/  Espera, que eu vou.
    Mas como discorro? /Acaso podia/ Já tudo mudar-se/ No espaço de um dia?/ Existem as fontes,/ E os freixos copados; / Dão flores os prados, /E corre a cascata,/ Que nunca secou.
    São estes os sítios?/  São estes; mas eu/  O mesmo não sou./  Marília, tu chamas?/  Espera, que eu vou.
    Minha alma, que tinha/ Liberta a vontade,/ Agora já sente Amor, e saudade,/ Os sítios formosos me agradaram,/ Ah! Não se mudaram; /Mudaram-se os olhos, /De triste que estou.
    São estes os sítios?/  São estes; mas eu/  O mesmo não sou./  Marília, tu chamas?/  Espera, que eu vou.

1ºB e 1ºC _ ARCADISMO

O século XVIII é marcado pela ascensão da burguesia e de seus valores. Esse fato influenciou na produção da obras desta época. Enquanto as preocupações e conflitos do barroco são deixados de lado, entra em cena o objetivismo e a razão. A linguagem complexa é trocada por uma linguagem mais fácil. Os ideais de vida no campo são retomados ( fugere urbem = fuga das cidades ) e a vida bucólica passa a ser valorizada, assim como a idealização da natureza e da mulher amada. As principais obras desta época são: Obra Poética de Cláudio Manoel da Costa, O Uraguai de Basílio da Gama, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu de Tomás Antonio Gonzaga, Caramuru de Frei José de Santa Rita Durão.


O Arcadismo no Brasil
No Brasil, o arcadismo chega e desenvolve-se na segunda metade do século XVIII, em pleno auge do ciclo do ouro na região de Minas Gerais. É também neste momento que ocorre a difusão do pensamento iluminista, principalmente entre os jovens intelectuais e artistas de Minas Gerais. Desta região, que fervia culturalmente e socialmente nesta época, saíram os grandes poetas.
 Entre os principais poetas do arcadismo brasileiro, podemos destacar Cláudio Manoel da Costa (autor de Obras Poéticas), Tomás Antônio Gonzaga (autor de Liras, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu), Basílio da Gama (autor de O Uraguai) , Frei Santa Rita Durão (autor do poema Caramuru) e Silva Alvarenga (autor de Glaura).

As principais características das obras do arcadismo brasileiro são: valorização da vida no campo, crítica a vida nos centros urbanos (fugere urbem = fuga da cidade), uso de apelidos, objetividade, idealização da mulher amada, abordagem de temas épicos, linguagem simples, pastoralismo e fingimento poético.

1ºB e 1ºC _ ARCADISMO

O século XVIII é marcado pela ascensão da burguesia e de seus valores. Esse fato influenciou na produção da obras desta época. Enquanto as preocupações e conflitos do barroco são deixados de lado, entra em cena o objetivismo e a razão. A linguagem complexa é trocada por uma linguagem mais fácil. Os ideais de vida no campo são retomados ( fugere urbem = fuga das cidades ) e a vida bucólica passa a ser valorizada, assim como a idealização da natureza e da mulher amada. As principais obras desta época são: Obra Poética de Cláudio Manoel da Costa, O Uraguai de Basílio da Gama, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu de Tomás Antonio Gonzaga, Caramuru de Frei José de Santa Rita Durão.


O Arcadismo no Brasil
No Brasil, o arcadismo chega e desenvolve-se na segunda metade do século XVIII, em pleno auge do ciclo do ouro na região de Minas Gerais. É também neste momento que ocorre a difusão do pensamento iluminista, principalmente entre os jovens intelectuais e artistas de Minas Gerais. Desta região, que fervia culturalmente e socialmente nesta época, saíram os grandes poetas.
 Entre os principais poetas do arcadismo brasileiro, podemos destacar Cláudio Manoel da Costa (autor de Obras Poéticas), Tomás Antônio Gonzaga (autor de Liras, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu), Basílio da Gama (autor de O Uraguai) , Frei Santa Rita Durão (autor do poema Caramuru) e Silva Alvarenga (autor de Glaura).

As principais características das obras do arcadismo brasileiro são: valorização da vida no campo, crítica a vida nos centros urbanos (fugere urbem = fuga da cidade), uso de apelidos, objetividade, idealização da mulher amada, abordagem de temas épicos, linguagem simples, pastoralismo e fingimento poético.

3 E _ Modernismo

Oi, moçada, olha só:
O mundo do menino impossível



Fim da tarde, boquinha da noite
com as primeiras estrelas
e os derradeiros sinos.
Entre as estrelas e lá detrás da igreja,
surge a lua cheia
para chorar com os poetas.

E vão dormir as duas coisas novas desse mundo:
o sol e os meninos.
Mas ainda vela
o menino impossível
aí do lado
enquanto todas as crianças mansas
dormem 
acalentadas
por Mãe-negra Noite.


O menino impossível
que destruiu
os brinquedos perfeitos
que os vovós lhe deram:
o urso de Nürnberg,
o velho barbado iugoslavo,
as poupées de Paris aux
cheveux crêpés,
o carrinho português
feito de folha-de-flandres,
a caixa de música checoslovaca,
o polichinelo italiano
made in England,
o trem de ferro de U. S. A.
e o macaco brasileiro
de Buenos Aires
moviendo la cola y la cabeza.

O menino impossível
que destruiu até


os soldados de chumbo de Moscou
e furou os olhos de um Papá Noel,
brinca com sabugos de milho,
caixas vazias,
tacos de pau,
pedrinhas brancas do rio...

“Faz de conta que os sabugos
são bois...”
“Faz de conta...”
“Faz de conta...”
E os sabugos de milho
mugem como bois de verdade...
e os tacos que deveriam ser
soldadinhos de chumbo são
cangaceiros de chapéus de couro...
E as pedrinhas balem!
Coitadinhas das ovelhas mansas
longe das mães
presas nos currais de papelão!


É boquinha da noite
no mundo que o menino impossível
povoou sozinho!


A mamãe cochila.
O papai cabeceia.
O relógio badala.

E vem descendo
uma noite encantada
da lâmpada que expira
lentamente
na parede da sala...


O menino poisa a testa
e sonha dentro da noite quieta
da lâmpada apagada
com o mundo maravilhoso
que ele tirou do nada...
Xô! Xô! Pavão!
Sai de cima do telhado
Deixa o menino dormir
Seu soninho sossegado!

Jorge de Lima, Obra Completa – Vol. I, Rio de Janeiro, Editora José Aguilar Ltda, 1959, 1.ª ed.

AMANHÃ A GENTE CONVERSA!